Malafaia: revelações da ‘Veja’ anulam ‘inquérito do golpe’
O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, cobrou nesta sexta-feira, 13 de junho, a anulação do inquérito que apura suposta tentativa de golpe atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.

A declaração foi feita por meio de vídeos publicados em suas redes sociais, em resposta a informações divulgadas pela revista Veja, que apontam contradições na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
De acordo com Malafaia, a reportagem da Veja, publicada no dia anterior, 12 de junho, comprova que Cid teria mentido em sua colaboração com a Polícia Federal. O pastor citou trechos da publicação que indicam o uso de uma rede social diferente daquela mencionada por Cid em depoimento, após o acordo de delação, e afirmou que mensagens obtidas pela revista contradizem informações prestadas pelo militar.
Segundo a Veja, o conteúdo das conversas revelaria que Mauro Cid acusou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de tê-lo pressionado durante o processo, e que também teria sido coagido por um delegado da Polícia Federal. Diante disso, Malafaia questionou a validade da delação: “A delação de Mauro Cid é nula”.
O pastor argumentou que o inquérito do STF estaria inteiramente sustentado nas declarações de Cid, o que, segundo ele, comprometeria toda a investigação. Em sua fala, ele dirigiu um apelo direto ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, e aos demais ministros do Supremo Tribunal Federal:
“Os senhores vão manter essa farsa de pseudogolpe, baseado numa delação que é nula?”, indagou.
Ainda durante a transmissão, Malafaia afirmou que a prisão do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, decretada por Alexandre de Moraes no mesmo dia, 13 de junho, seria uma estratégia para “desviar a atenção” da repercussão da reportagem.
“É uma cortina de fumaça para desviar a reportagem séria e grave da Veja, que anula todo esse inquérito”, disse. Para o pastor, as medidas fazem parte de um processo de “perseguição política comandada por Alexandre de Moraes”.
Em sua manifestação, o líder evangélico também apelou a entidades civis e parlamentares por uma resposta institucional:
“Faço um apelo à imprensa brasileira, à Associação Brasileira de Imprensa, à OAB, aos deputados e senadores. Aonde vamos parar com isso? Que país é esse? O Estado Democrático de Direito sendo jogado na lata do lixo”, declarou.
Até o momento, nem o Supremo Tribunal Federal nem o ministro Alexandre de Moraes se manifestaram oficialmente sobre as alegações feitas pelo pastor. Também não houve posicionamento público da Procuradoria-Geral da República em relação à validade da delação ou às declarações atribuídas a Mauro Cid na reportagem da Veja.
Contexto e repercussões
Silas Malafaia é um dos principais apoiadores de Jair Bolsonaro no meio evangélico e tem sido uma voz ativa em defesa do ex-presidente em diversas frentes. As críticas ao Judiciário, em especial ao STF, têm sido recorrentes em suas manifestações públicas.
A delação de Mauro Cid é peça chave na investigação conduzida pela Polícia Federal sobre uma possível articulação para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. A validade e o conteúdo da colaboração, no entanto, vêm sendo questionados por aliados de Bolsonaro, especialmente após o surgimento de divergências e novos elementos como os revelados pela Veja.
“O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, abomináveis são para o Senhor, tanto um como o outro” –Provérbios 17:15