CristãoEvangelhoIgrejaJesus CristoSexualidade

Igreja se cala sobre sexualidade e jovens sofrem com erros

Em meio a um cenário de solidão crescente e relações instáveis, cresce entre os jovens cristãos o desejo de compreender a sexualidade de forma coerente com sua fé.

Em meio a um cenário de solidão crescente e relações instáveis, cresce entre os jovens cristãos o desejo de compreender a sexualidade de forma coerente com sua fé. Apesar disso, muitos ainda enfrentam constrangimento, dúvidas e até culpa ao tratar do tema no ambiente eclesiástico.

Para líderes e profissionais cristãos, o desafio está em reconstruir uma visão bíblica e acolhedora sobre o corpo, o prazer e os relacionamentos.

A sexualidade não é um erro no projeto divino. Conforme o relato da criação, “homem e mulher os criou” (Gênesis 1:27), dotando-os de corpo, desejo e capacidade de conexão íntima. A própria união conjugal é apresentada como parte do plano original: “Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Gênesis 2:24). Mesmo assim, muitos jovens cristãos ainda consideram o assunto tabu.

De acordo com a psicóloga Suzana Stürmer, da Igreja Presbiteriana Renovada – Família da Fé, em São José (SC), a dificuldade em lidar com a sexualidade tem raízes na forma como o tema foi ensinado (ou silenciado) por décadas: “A Igreja, às vezes, não soube ouvir suas perguntas. E quando não há respostas, eles as buscam em qualquer lugar, inclusive na pornografia”, afirmou.

O silêncio que forma (ou deforma)

Em entrevista, Suzana destacou que muitos jovens chegam ao seu consultório sobrecarregados emocionalmente, ansiosos e inseguros quanto à vivência afetiva: “Carregam culpas desnecessárias por terem desejos naturais, mas também se frustram por não conseguirem expressar sua afetividade de forma madura”, afirmou.

O fenômeno da desconexão sexual entre jovens também é observado em estudos internacionais. A BBC veiculou reportagem apontando que as novas gerações estão fazendo menos sexo, não por convicções religiosas, mas devido a fatores como ansiedade, isolamento social, excesso de tecnologia e ausência de vínculos afetivos reais.

Nos Estados Unidos, o levantamento General Social Survey indicou que, entre 2008 e 2018, a proporção de homens entre 18 e 30 anos que não teve relações sexuais no ano anterior quase triplicou.

Esse panorama se estende ao contexto cristão. Um estudo do Barna Group, instituto norte-americano de pesquisa com foco evangélico, revelou que 65% dos homens cristãos consomem pornografia pelo menos uma vez por mês. Entre as mulheres cristãs, o número chega a 15%. Apesar dos dados, o tema permanece frequentemente ignorado nos púlpitos.

“Enquanto a igreja continua calada, o mundo segue educando emocional e sexualmente os jovens. E faz isso com distorções graves sobre o que é intimidade, prazer e valor humano”, alertou Suzana.

Chamado à integração

Durante décadas, segundo a psicóloga, o sexo foi tratado como um inimigo da santidade. “Isso criou barreiras difíceis de derrubar, inclusive dentro dos casamentos cristãos. Homens e mulheres que se casam sem saber como integrar o corpo, a alma e o espírito em sua vida conjugal”, relatou.

Ela defende uma nova abordagem, baseada nas Escrituras e no realismo da vida cotidiana: “O Evangelho não anula o corpo, mas o redime. E isso inclui o desejo sexual.” Textos como Provérbios 5:18-19 e Cânticos de Salomão apresentam a intimidade no casamento como bênção e expressão de amor. Em 1 Coríntios 7, o apóstolo Paulo exorta os cônjuges a cuidarem um do outro também nessa dimensão.

“O corpo é criação divina e o prazer dentro do casamento não é pecado, é bênção”, reforçou Suzana.

Sexualidade é vocação

A proposta cristã para a sexualidade vai além da repressão do desejo. Envolve compromisso, entrega mútua e um projeto de vida baseado na aliança. “A sexualidade cristã precisa ser reapresentada como vocação, e não como um fardo. Precisamos ensinar os jovens a pensar sobre sexo com reverência, mas também com alegria”, disse Suzana.

Ela afirma que isso exige disposição para escutar, acolher dúvidas e reconstruir com base na Palavra de Deus. “Precisamos criar espaços de escuta verdadeira, onde ninguém se sinta envergonhado por ter perguntas”.

O papel da Igreja

Segundo a psicóloga, muitos jovens já não querem repetir os ciclos de relacionamentos frágeis. “Querem vínculos sinceros, propósito comum e espiritualidade compartilhada. Mas precisam de orientação e discipulado também nesse aspecto da vida”. Para ela, a Igreja tem papel essencial nesse processo formativo.

“O desejo não é errado. O corpo é criação divina. O prazer dentro do casamento é bênção”, reiterou Suzana, conforme informado pela revista Comunhão.

Ela conclui que, para ajudar essa geração a integrar fé e afetividade, é necessário ensino bíblico sólido, escuta sensível e testemunhos autênticos. “As pessoas estão desistindo do amor por medo, trauma ou cansaço. A fé cristã pode reacender o desejo por vínculos verdadeiros”.

Fonte
Gospel Prime

Artigos Relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo
× Fale conosco!
Privacy Overview
Portal LSF Notícias

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.

Strictly Necessary Cookies

Strictly Necessary Cookie should be enabled at all times so that we can save your preferences for cookie settings.

If you disable this cookie, we will not be able to save your preferences. This means that every time you visit this website you will need to enable or disable cookies again.