
Um estudo do Pew Research Center, realizado em 36 países, revelou que a maior parte das pessoas que abandonaram o cristianismo passaram a se identificar como ateus, agnósticos ou sem religião definida. No Brasil, 11% da população afirma não seguir nenhuma crença religiosa, e 21% dos que foram educados no Evangelho não se consideram mais cristãos.
O levantamento identificou que os maiores índices de abandono da fé cristã estão na Espanha (35%), Suécia e Alemanha.
A pesquisa também aponta que, na maioria dos países analisados, o cristianismo tem as maiores perdas líquidas de fiéis — ou seja, há mais pessoas deixando a religião do que aderindo a ela.
Reflexões e alertas
Para o pastor Acyr de Gerone Junior, da Igreja Missionária Evangélica Maranata, no Rio de Janeiro (RJ), o fenômeno do abandono da fé cristã está profundamente ligado à secularização. “Cada vez mais pessoas deixam de considerar a religião como parte essencial de suas vidas, optando por uma espiritualidade desvinculada de práticas religiosas institucionais”, afirmou.
Ele observa que esse cenário se intensifica, sobretudo, em países com maior estabilidade econômica. “As pessoas passam a priorizar outras atividades e, aos poucos, se afastam da igreja e da fé”, explicou.
Desigrejados
O pastor destaca ainda que é necessário olhar para dentro das próprias igrejas evangélicas. Segundo ele, muitos fiéis se sentem decepcionados com a vivência cristã institucional. “Há muita gente desencantada. O desencanto também leva ao abandono da fé”, observou.
Outro dado relevante, segundo o pastor, é que muitos dos que deixam a fé cristã não migram para outras religiões. Ele entende esse comportamento como sintoma de uma crise mais profunda, semelhante à vivida em países europeus e nos Estados Unidos, marcada pela falta de discipulado e pela escassez de igrejas com ensino bíblico sólido.
“O que vemos hoje são igrejas que abandonam o conteúdo bíblico. Os cultos deixam de ser cristocêntricos, as músicas são voltadas ao ser humano, e as pregações atendem a desejos pessoais. Isso cansa as pessoas, que acabam se afastando por não encontrarem o Evangelho verdadeiro”, afirmou, em declaração à revista Comunhão.
Retorno às Escrituras
Diante desse cenário, Acyr defende um resgate da centralidade das Escrituras na vida cristã, tanto em sua dimensão comunitária quanto pessoal. Ele reforça a importância de práticas como a leitura diária da Bíblia, a vida devocional constante e o discipulado.
O levantamento do Pew Research Center aponta para uma transformação religiosa global que desafia igrejas e líderes a reconsiderarem suas estratégias de ensino, evangelismo e discipulado, diante de um mundo cada vez mais plural e secularizado.