Durante o mês sagrado do Ramadã, o imã Umer Ahmed Ilyasi, reconhecido como um dos principais líderes muçulmanos da Índia, declarou publicamente que está em andamento a preparação de uma nova religião única, denominada “Fé Abraâmica Única”, a iniciativa visa unificar muçulmanos, judeus e cristãos sob um sistema comum de fé, respeitando suas raízes e tradições.
“Chamado divino”
Segundo o imã Ilyasi, a ideia surgiu como fruto de um chamado espiritual que ele afirma ter recebido durante o Ramadã: “Senti que Deus estava me mostrando um caminho de união”, declarou, afirmando que a única forma de promover a paz entre os fiéis das religiões abraâmicas seria por meio de uma crença compartilhada.
Ele afirmou ainda que o projeto não é apenas teórico, mas que ações concretas já estão em andamento em vários países.
Centro em Abu Dhabi
Como símbolo inicial dessa proposta, foi erguido nos Emirados Árabes Unidos o Abrahamic Faith Center, localizado em Abu Dhabi. O centro abriga espaços dedicados ao islamismo, judaísmo e cristianismo, com o propósito de fomentar diálogo inter-religioso e reforçar os valores comuns entre essas três tradições.
O imã destacou que, apesar das diferenças de culto e doutrina, os seguidores das três religiões compartilham princípios como a justiça, o respeito à família, a compaixão e o cuidado com o próximo. “Somos primos na fé, descendentes de Abraão”, disse Ilyasi, em referência à figura bíblica reconhecida como patriarca comum das três religiões.
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Movimentos similares
A proposta da Fé Abraâmica surge em meio a iniciativas anteriores de aproximação religiosa. Em fevereiro de 2019, o papa Francisco e o imã de Al-Azhar, Ahmed al-Tayeb, assinaram em Abu Dhabi o Documento sobre a Fraternidade Humana, com o objetivo declarado de combater a intolerância religiosa e promover o respeito mútuo. À época, o gesto foi interpretado por alguns analistas como parte de um projeto de criação de religião única.
O lançamento oficial da nova fé ainda não tem data definida, mas Ilyasi afirmou que os preparativos estão em curso em diversos países. Segundo ele, trata-se de um movimento que está “tomando forma”, e que não pretende anular as identidades das religiões envolvidas, mas construir pontes entre elas.
A proposta, entretanto, deve gerar debates teológicos e culturais, especialmente diante das divergências históricas entre essas tradições. Mesmo assim, líderes religiosos, estudiosos e observadores internacionais já demonstram interesse pela iniciativa, conforme reportado pelo portal Munsif News.
Contexto bíblico
A figura de Abraão como pai da fé é central nas Escrituras. Em Gênesis 17:4, Deus declara: “Quanto a mim, eis o meu pacto contigo: serás pai de muitas nações”. No Novo Testamento, Paulo reafirma essa ligação ao dizer que “os que são da fé, esses são filhos de Abraão” (Gálatas 3:7).
No entanto, a Bíblia também enfatiza que a verdade do Evangelho não pode ser diluída, como ensina o apóstolo João: “Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem Deus” (2 João 1:9).
Dessa forma, embora o diálogo inter-religioso seja bem-vindo como caminho de convivência pacífica, a maioria dos cristãos rejeitam projetos de fusão religiosa, atentos ao ensino bíblico sobre a singularidade da fé em Jesus Cristo como caminho de salvação (João 14:6). A proposta da “Fé Abraâmica Única” representa um novo capítulo no cenário de caminho para o desfecho das profecias bíblicas.
